A constipação não é uma doença e sim um sintoma. Relaciona-se a um hábito intestinal alterado, identificado como:

  • Menor frequência de evacuações
  • Fezes mais duras e grossas
  • Dificuldade para evacuar (dor ou esforço)

Na constipação aguda, há mudança brusca do hábito intestinal que pode se relacionar a algum problema ou situação diferente que a criança passou ou está passando. Pode ocorrer quando ela está com febre, reduziu a ingestão de líquido ou alimentos ou começou a tomar algum medicamento (ex: antibióticos). A melhora tende a acontecer espontaneamente após a resolução do problema e o hábito intestinal volta ao normal.

A constipação crônica, por sua vez, é caracterizada como a mudança do hábito intestinal que dura mais do que oito semanas (2 meses). Pode estar relacionada a problemas no funcionamento e movimentação do intestino grosso e/ou dos mecanismos de evacuação, ou ainda, pode ser causada por problemas fora do intestino (doenças sistêmicas ou medicamentos).

Todo o alimento que é ingerido, forma um percentual de resíduo que não é digerido e nem absorvido no intestino delgado. Este chega ao cólon (intestino grosso) onde é compactado e fermentado por bactérias, formando o que é conhecido como massa fecal que caminha, lentamente, por todo o intestino grosso. Quando esse “bolo” chega ao reto, ocorre o estímulo para o reflexo de evacuação (sensação de vontade de fazer cocô). Quando a criança é pequena ela não consegue controlar esse reflexo.Isto passa a acontecer por volta dos dois anos de idade.

O hábito intestinal da criança e o aspecto das fezes vão depender do que ela come, do quanto ingere de fibras na dieta, de água, perfil de bactérias no intestino, como o intestino se movimenta e como está o controle para a evacuação (reflexo está adequado ou não).

Estima-se que cerca de 3% das crianças tenham constipação crônica.

É muito difícil caracterizar constipação em lactentes (< 2 anos), porque é normal, que mesmo em aleitamento materno exclusivo, o hábito intestinal do bebê mude com o passar do tempo. No primeiro mês de vida, a criança faz várias vezes cocô mole ou até líquido durante o dia e em quase todas as vezes que mama.Com o passar do tempo, a frequência diminui e as fezes ficam mais formadas.

Quando se pode dizer que uma criança é constipada ?

  • Se ela apresentar pelo menos duas ou mais das seguintes características abaixo durante um período de, no mínimo, um mês para crianças menores de 4 anos e uma vez por semana, durante, no mínimo, dois meses para crianças maiores de 4 anos:
  • Duas ou menos evacuações por semana
  • Pelo menos um episódio de perda de cocô involuntária por semana (para quem já tem controle da evacuação)
  • Quando se percebe que a criança segura o cocô (tem medo de evacuar)
  • Presença de evacuações com dor ou que resultam em cocô endurecido
  • Presença de grande quantidade de cocô no intestino e reto
  • Eliminação de fezes volumosas que entopem o vaso

Como cuidar?

  • Mudança de comportamento – a criança deve tentar fazer o cocô todos os dias, em ambiente tranquilo e adequado. Isso é um treino importante para que ela se acostume a essa situação sem ter medo.
  • Remoção das fezes endurecidas do intestino – são utilizados medicamentos para que o cocô fique mais amolecido e saia mais facilmente.
  • Prevenção da retenção do cocô – orientar ingestão adequada de água e fibras, podem ser necessários medicamentos para deixar as fezes mais macias por algum tempo, como os laxantes.
  • Acompanhamento – toda a família deve estar envolvida no tratamento para que a criança se sinta segura e perca o medo de evacuar. Quanto mais treino e confiança maior a chance de sucesso no tratamento.
  • Se for diagnosticado algum problema de saúde relacionado à constipação o mesmo será tratado e só então se observa melhora dos sintomas.
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