A disposição para brincar é uma característica da criatividade. Muitos cientistas revelam uma visão lúdica dos problemas com que se defrontaram e brincaram com os significados de fatos já conhecidos. Ocasionalmente, obtiveram respostas incomuns para alguns problemas, estabelecendo novas relações.

O jogo, em geral, implica tomada de decisões e escolha de estratégias. O brincar e o brinquedo são fortes auxiliadores na educação, chamando atenção tanto das famílias, quanto dos profissionais da educação como da psicologia. Lamentavelmente, alguns profissionais e, também, algumas famílias, não têm conhecimentos exatos e necessários sobre está questão. Contribuem para esta reflexão, o ponto de vista de alguns autores, em especial, Benjamim e Vygotsky revendo a importância dos brinquedos ao longo do tempo. O brincar, enquanto um aspecto importante no desenvolvimento, está respaldado nos registros biográficos e literários do mundo e, por isto, autores modernos sinalizam, insistentemente, a importância deste brincar: Bemjamim, Vygotsky, Winnicott, Piaget, Held, Ziraldo, Makarenko, Landau e Mettrau ente outros. Ainda pensando no brincar remetemo-nos à fantasia, que não pode ser reprimida e as pessoas não podem se render ao consumismo desenfreado, pois este, se exagerado, tira a oportunidade de inúmeras formas de usar os brinquedos não comerciáveis, aos quais este artigo se refere preferencialmente. Nuremberg é a pátria do soldadinho de chumbo e a mais velha casa de bonecas, de que se tem notícia, provém de Munique. Nos seus primórdios, estes brinquedos nasceram em oficinas de entalhadores de madeira, fundidores de estanhos etc., e não eram, portanto, industrializados, nem vendidos, nem consumidos em massa. Willy Hass (1928) apresentou a teoria gestáltica dos gestos lúdicos e registrou três aspectos principais: em primeiro lugar: gato e rato e toda brincadeira de perseguição; em segundo lugar: a fêmea que defende seu ninho com filhotes e como exemplo, o goleiro, o tenista etc; em terceiro lugar: a luta entre dois animais pela presa, pelo osso ou pelo objeto sexual, tal como a disputa pela bola de futebol ou de pólo, etc. Assim, a criança é a alma do jogo. Nada a alegra tanto como: mais uma vez! Trazida esta reflexão para a escola e, especialmente, para a sala de aula, deve ser dado ao aluno oportunidade de uma atitude exploratória existente em cada indivíduo. Há muitas alternativas interessantes, pois nosso planeta Terra está repleto de incomparáveis objetos capazes de atrair as crianças que adoram os destroços surgidos de uma construção, de um jardim ou de uma garagem! Com estes restos elas não querem imitar as obras dos adultos, mas querem novas formas de misturar materiais e criar suas brincadeiras, formando assim, seu próprio mundo de coisas inserido num mundo maior que é a vida. É lamentável o pouco conhecimento e, conseqüentemente, o pouco aproveitamento que algumas escolas e famílias fazem de tão rico material! É lamentável também que as campanhas de venda sobrepujem a lógica, porque os pais brincaram muito quando não havia a indicação deste ou daquele modelo único de brinquedo! Tanto a família quanto a escola podem e devem resgatar a questão do brincar certas de estarem contribuindo para um futuro e um presente mais cientificamente respaldado e uma ação mais concretamente direcionada ao coletivo (Mettrau, 1995). Ao mesmo tempo em que possui elementos de realismo, o jogo oferece amplo campo para a imaginação criadora. Outro autor, Winnicott, diz que viver criativamente constitui um estado de vida saudável e diz ainda que a submissão é uma base doentia para a vida. Landau diz que criança aprender a nadar, a falar, a conhecer e a comunicar-se experimentando o mundo por meio de brincadeiras, razão provável por que são criativas. Cabe então uma grande questão: por que deixar escapar a criatividade e a capacidade de brincar à medida que se cresce? Por que não garantir à criança esta forma saudável de desenvolvimento? Por que não usar mais estes elementos, tão fortes, no campo educacional? O brinquedo constitui-se no mais alto nível de desenvolvimento como uma atividade condutora, pois favorece a memória em ação, propicia um movimento em direção à realização consciente de seus propósitos e torna a pessoa livre para determinar suas ações. O brincar é um jogo sério porque, basicamente permeia as atitudes em relação à realidade; o brinquedo, em sua essência, é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, situação no campo do pensamento e situação no campo real.

Fonte:  M.  B.  Mettrau.- Pediatria Século XXI