Com a evolução da mulher no mercado de trabalho, hoje em dia temos mais de 50% das mulheres com bebês ou em fase escolar que estão trabalhando. São inúmeras as causas, mas, a maioria delas por necessidade financeira.

Para não deixar os filhos muito pequenos na escola, alguns pais preferem contratar uma babá ou deixar aos cuidados dos avós, porém, qualquer decisão, ainda sim é difícil para a mamãe, principalmente quando ela vira as costas e a criança começa a abrir o maior berreiro.

No início desta “separação” é normal a criança chorar e sentir a falta da mãe, pois, ele a vê como uma figura de proteção, nutrição e acolhimento, porém, se a adaptação estiver mais difícil do que o esperado uma das causas pode ter sido o excesso de zelo da mamãe com o pequeno. É importante ressaltar que o excesso de zelo não quer dizer que a mãe não deva dar carinho e amor ao seu filho e sim lhe dar tudo isso juntamente com responsabilidades.

Na fase de 2 aos 6 anos a criança tende a se arriscar com a finalidade de descobrir coisas novas, mas, muitas vezes a mãe percebe que o filho está se distanciando e mostrando independência demais, então ela o chama e diz: “deixa que eu faço” ou então, “você não vai conseguir fazer sozinho”, ou, “você é pequeno demais”. Essa atitude impede a iniciativa da criança, causando medo em se arriscar e achar que tudo dará certo só se estiver com a mamãe por perto.

Essa criança quando maior, muitas vezes é vista como uma criança tímida e a mãe não percebe a relação de dependência que ela mesma criou, achando que apenas estava zelando pelo seu filho. Este é o momento de perguntar a si mesma se esse excesso de amor não está prejudicando o amadurecimento e a independência da criança.

A dependência pela mãe aparentemente não é vista como um desconforto pelo filho, mas, terá consequências futuras na sua vida social ou/e afetiva.

O que fazer?

- Os primeiros passos do “desgrude” devem ser dados pelos adultos. O carinho dos pais ajuda os filhos terem maior confiança e sociabilidade, mas, esse carinho tem que vir junto com limites. Crianças que não se sentem cobradas consideram-se menos queridas e tendem ser extremamente inseguras.

- Desde cedo peça ajuda a outras pessoas nos cuidados com seu filho e vá dar uma volta no quarteirão ou por que não aproveitar para cuidar um pouquinho de você e fazer as unhas por exemplo. Isso ajudará seu filho perceber que você sai, porém, volta depois de um tempo.

- Converse com seu filho, mesmo que ainda seja um bebê e explique que é necessário que você saia pra trabalhar, pra fazer as coisas na rua, mas que sempre voltará pra ficar com ele e cuidar dele.

- Nunca peça para alguém (professores, vovós, babás) distrair seu filho para sair escondido com a finalidade dele não chorar, isso lhe trará insegurança e não irá mais confiar em você, sempre se despeça.

- Não passe insegurança para seu filho, chorando ou abraçando demasiadamente no momento em que ele será cuidado por outra pessoa. Diga sempre que o ama que ele ficará bem e que mais tarde irá buscá-lo.

- Sempre mostre o quanto seu filho é querido, criando vínculo emocional, mas também dando certa liberdade, como, deixá-lo comer sozinho, mesmo que isso implique em ter que limpar toda a cozinha depois. Essa liberdade lhe dará segurança.

- Não coloque seu filho no seu quarto para dormir a noite. Para estimular a independência é necessário que os filhos tenham seu próprio espaço, ou seja, sua cama, seus objetos, seus brinquedos e que adquiram suas responsabilidades e autonomias de acordo com a idade, como, escovarem os dentes, se vestirem e tomarem banho sozinho.

- Dê pequenas tarefas ao seu filho, peça a ele que a ajude a arrumar a mesa, regar as plantas, jogar o lixo e guardar os brinquedos, isso lhe trará responsabilidades, ajudando no seu desenvolvimento. Uma criança ociosa tende a querer a atenção dos pais mais do que o necessário.

- Deixe a criança resolver seus conflitos sozinha, se caso ele pedir ajuda, ai sim, você poderá intervir.

- Se você perceber que seu filho está com medo de realizar alguma tarefa, sempre o encoraje a enfrentar aquela situação, dizendo que ele é capaz e que irá conseguir e que estará ali se caso ele precisar.

- Nunca dê as respostas prontas ou faça as tarefas escolares do seu filho, acredite, ele é capaz.

Tudo em excesso não é saudável, a falta de zelo e o excesso dele são prejudiciais. Lembre-se, você estimular a independência não estará abandonando seu filho e sim fazendo dele um adulto responsável, seguro e capaz de resolver seus próprios problemas com maturidade e clareza.

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