DESENVOLVIMENTO:  COGNITIVO, LINGUAGEM, SOCIAL E EMOCIONAL DE 6-12 ANOS

 

 

          DESENVOLVIMENTO DA COGNIÇÃO E LINGUAGEM. Em vez da cognição mágica, egocêntrica e ligada à percepção, os escolares aplicam cada vez mais regras baseadas em fenômenos observáveis, considerem múltiplas dimensões e pontos de vista e interpretam suas percepções em vista de teorias mais realistas. A atenção e a linguagem receptiva influenciam um ao outro, bem como todos os outros aspectos do aprendizado.

         Os 2 primeiros anos do ensino fundamental dedicam-se à aquisição dos fundamentos: ler, escrever e habilidades matemáticas básicas. Na terceira ou quarta série, o currículo exige que as crianças utilizem estes fundamentos para aprender matérias cada vez mais complexas. O volume de trabalho aumenta junto com a complexidade. As crianças só podem atender a essas demandas se tiverem conquistado as habilidades básicas até um ponto em que a sua execução tornou-se automática.

        As capacidades cognitivas interagem com uma ampla gama de fatores comportamentais e emocionais para determinar o desempenho na sala de aula. Partes desses fatores engloba a ânsia de agradar adultos, cooperação, competitividade, disposição para trabalhar por uma recompensa adiada, crença nas próprias capacidades e a capacidade de correr riscos quando o sucesso não é garantido.

         A atividade intelectual das crianças estende-se além da sala de aula. A partir da terceira ou quarta série, as crianças apreciam cada vez mais jogos de estratégia e jogos de palavras (trocadilhos e charadas), que exercitam o domínio cognitivo e lingüístico crescente.

 

   DESENVOLVIMENTO SOCIAL E EMOCIONAL. O desenvolvimento social e emocional prossegue em três contextos: o lar, a escola e a vizinhança. Destes, o lar ainda é o mais influente. O início da escola coincide com a separação adicional entre a criança e a família e a crescente importância das relações com o professor e crianças da mesma idade. A adaptação é recompensada. Algumas crianças adaptam-se facilmente e aproveitam o sucesso social fácil; aquelas que adotam estilos individualistas ou possuem diferenças visíveis podem ser estigmatizadas como “esquisitas”. Na vizinhança, riscos reais como ruas movimentadas, indivíduos exploradores e estranhos põem à prova o bom senso e os recursos das crianças em idade escolar.

 

         IMPLICAÇÕES. As crianças no estágio cognitivo de operações lógicas concretas podem compreender explicações simples para doenças e tratamentos necessários, embora possam reverter ao pensamento pré-lógico sob estresse (assim como adultos). Os problemas acadêmicos e comportamentais na sala de aula são sintomas que exigem diagnóstico. Entre a ampla faixa de possíveis causas estão déficits das funções cognitiva, perceptiva ou lingüística específicas (incapacidades do aprendizado específicas); atraso cognitivo global (retardo mental); déficit primário de atenção; déficits de atenção secundários a preocupação emocional, depressão, ansiedade ou qualquer doença crônica. Os métodos de recuperação dependem do(s) problema(s) subjacente(s). As crianças necessitam de apoio incondicional e expectativas realistas à medida que se aventuram em um mundo que muitas vezes é amedrontador. As crianças que mostram dificuldade incomum em separar-se dos pais e em enfrentar desafios na escola e na vizinhança podem estar reagindo à dificuldade dos pais de deixa-los ir.

 

 

 

 

 

 

DESENVOLVIMENTO FÍSICO

6-12 ANOS

 

         No período intermédio da segunda infância (6 a 12 anos), as crianças enfrentam novos desafios. O poder cognitivo de considerar vários fatores ao mesmo tempo lhes confere a capacidade de avaliar a si mesmos e de perceber as avaliações dos outros. Em conseqüência, a auto-estima torna-se uma questão central. Os escolares são julgados de acordo com a sua capacidade de produzir resultados socialmente valorizados, como boas notas ou feitos desportivos. O desenvolvimento saudável requer crescente separação dos pais e a capacidade de encontrar aceitação no grupo de pares e de negociar desafios do mundo exterior.

         DESENVOLVIMENTO FÍSICO. O crescimento durante o período é, em média, de 3 a 3,5 kg e 6 cm por ano. Ele ocorre de maneira descontínua, em surtos irregulares que duram em média 8 semanas, 3 a 6 vezes por ano. A compleição tende a permanecer relativamente estável no período intermédio da segunda infância.

         O crescimento das partes média e inferior da face ocorrem gradualmente. A perda dos dentes decíduos (de leite) é um sinal mais marcante de maturação, começando por volta de 6 anos de idade, após a erupção dos primeiros molares. A substituição por dentes permanentes ocorre a uma taxa de aproximadamente 4 por ano. Os tecidos linfóides se hipertrofiam, freqüentemente dando origem as amígdalas e adenóides impressionantes, que às vezes, ou seja em situações restritas exigem tratamento cirúrgico.

        A força muscular, a coordenação e a energia aumentam progressivamente, bem como a capacidade de realizar movimentos complexos como dançar ou tocar piano.

         Os órgãos sexuais ainda são fisicamente imaturos, mas o interesse nas diferenças sexuais e no comportamento sexual permanece ativo em muitas crianças e aumenta progressivamente até a puberdade. A masturbação é comum, senão universal.

         IMPLICAÇÕES

A “normalidade” abrange uma grande variedade de tamanhos físicos, formas e capacidades em crianças escolares. Com a mesma importância, os sentimentos das crianças sobre os seus atributos físicos variam do orgulho à vergonha à aparente indiferença. O exame físico rotineiro proporciona uma oportunidade para levantar preocupações e aliviar temores.

         As meninas, em particular, freqüentemente se preocupam por estarem acima do peso e podem iniciar dietas nocivas para atingir o ideal cultural de magreza anormal. A baixa estatura, sobretudo em meninos, pode estar associada a diminuição da realização educacional e maiores riscos de problemas comportamentais.

         A aparência física da criança também pode despertar sentimentos fortes nos pais, levando-os a minar a auto-estima da criança inadvertidamente ou, de outro modo, a incentivar a vaidade.

 

 

Fonte: Adaptado de Nelson Textbook of Pediatrics.