Durante a gestação ocorre uma série de alterações metabólicas no organismo materno que pode gerar desconforto e preocupação para a mulher que passa por esse lindo e delicado momento de sua vida. A alimentação balanceada, rica em nutrientes e fibras, exerce importante papel na saúde da mulher e do bebê em formação.

O que são alimentos integrais?

Alimentos integrais são cereais (trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, quinua, amaranto, painço e milho) ou alimentos feitos a partir desses grãos utilizados em sua forma íntegra, ou seja, com preservação da casca, também conhecida como farelo, do endosperma, a parte central e mais abundante do grão, além do gérmen.

Os cereais integrais são ricos em vitamina E, vitaminas do complexo B e minerais como o selênio, zinco, cobre, ferro, magnésio e fósforo. Também são ricos em carboidratos complexos e fibras. No farelo há grande concentração de fibras, enquanto no endosperma estão concentrados os carboidratos, importantes para o fornecimento de energia para o organismo. O gérmen possui alta quantidade de minerais, vitaminas e fitoquímicos.

O que diferencia os alimentos refinados dos integrais é que, durante o processo de moagem e refinamento, há perda do farelo e do gérmen, permanecendo apenas o endosperma. Como consequência há grande perda de nutrientes e fibras.

Quais os benefícios dos alimentos integrais para as gestantes?

Uma das grandes queixas da maioria das grávidas é a constipação intestinal. Tem intestino preso quem apresenta dois ou mais dos seguintes sintomas: ritmo intestinal com menos de três evacuações por semana, sensação de dificuldade para evacuar, fezes pequenas e endurecidas e sensação de evacuação incompleta.

Uma das explicações para esses sintomas é que durante a gravidez a progesterona reduz a produção de motilina, uma substância produzida pelas células do intestino que atua na motilidade intestinal. Como consequência, o tempo que o bolo alimentar fica no intestino é aumentado, as fezes perdem água e reduzem de volume, contribuindo para a constipação.

O consumo de alimentos integrais contribui para a redução dos sintomas da constipação devido ao seu alto teor de fibras, que aumenta a quantidade de água do bolo alimentar fazendo com que haja aumento de volume e melhoria da passagem pelo intestino.

Outro grande benefício dos alimentos integrais diz respeito à absorção mais lenta de carboidratos. A gestação é um estado em que a quantidade de insulina, hormônio que atua na entrada da glicose do sangue para a célula, está naturalmente mais alta, caracterizado por uma diminuição da sensibilidade deste hormônio, parcialmente explicada pela presença de hormônios diabetogênicos, tais como a progesterona, o cortisol, a prolactina e o hormônio lactogênico placentário. As taxas de açúcar do sangue, quando em jejum, tendem a ser mais baixas na gestante, contudo, os valores após as refeições são mais altos.

Evidências experimentais têm demonstrado que a ingestão de fibras, presentes nos alimentos integrais, diminui a absorção de glicose, beneficiando diretamente a glicemia após as refeições. Com uma absorção de glicose mais lenta, o organismo dá conta de produzir quantidade necessária de insulina para que o açúcar seja absorvido corretamente.

O controle do ganho de peso também pode sofrer influência positiva dos alimentos integrais. As refeições ricas em fibras estão ligadas ao esvaziamento do estômago mais lento, o que promove saciedade mais prolongada. Além disso, alimentos integrais são mais volumosos e contém menor teor de calorias por grama, quando comparado ao alimento refinado, o que limita a ingestão energética.

O bebê também ganha com consumo de alimentos integrais.

Quando falamos de alimentos integrais, as fibras ganham destaque devido as suas inúmeras funções benéficas para o organismo, mas não podemos nos esquecer que grãos integrais são muito mais do que fibras.

A grande variedade de vitaminas e minerais presentes nos alimentos integrais garante maior aporte de nutrientes para o bebê, permitindo que a gravidez flua na sua integralidade e que o bebê em formação se desenvolva plenamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Chandalia M. Dietary treatment of Diabetes Mellitus. New Engl. J. Med., v.342, p.1392-1398, 2000. 

Freitas ES, Dal Bosco SM, Sippel CA, Lazzaretti RK. Recomendações nutricionais na gestação Revista Destaques Acadêmicos, Ano 2, N. 3, 2010 - CCBS/UNIVATES.

Maganha CA, Vanni DGBS, Bernanrdini MA, Zugaib M. Tratamento do diabetes melito gestacional. Rev Assoc Med Bras; 49(3): 330-4, 2003.

Melo ASO, AssunçãoPL, Gondim SSR, Carvalho DFC, Amorim MMR, Benicio MHA, Cardoso MAA.Estado nutricional materno, ganho de peso gestacional e peso ao nascer.Rev. bras. epidemiol. vol.10 no.2. São Paulo June, 2007.

Mira GS; Graf H; Cândido LMB. Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em beta-glucanas no tratamento do diabetes. Braz. J. Pharm. Sci. vol.45 no.1 São Paulo Jan./Mar, 2009.

Fonte: pediatraonline.com.br