Falar sobre sexo com crianças sempre deve ser tratado com muita naturalidade, bom senso e de forma extremamente transparente e verdadeira.

À medida que os filhos crescem e se desenvolvem, é muito provável e até desejável que comecem a buscar informações sobre suas partes íntimas e sua própria origem, sendo muito natural e usual que uma criança tenha perguntas a fazer sobre este tema em qualquer idade.

Falar sobre sexo com filhos é uma ótima oportunidade de compartilhar seus valores e crenças com eles. É evidente que as crianças podem aprender muita coisa sobre o mundo através de amigos, escola, televisão, música, internet, entre outras formas. Porém, parar tratar de assunto de relevada magnitude, nada deve ou deverá substituir a influência dos pais.

Nota-se que várias perguntas feitas pelas crianças podem até causar constrangimento e mesmo vergonha para os pais, mas os filhos devem saber que, a qualquer momento, podem recorrer a esta fonte confiável e honesta para resolver suas dúvidas.

Os pais podem educar seus filhos sobre relações, amor, compromisso e respeito. Se os filhos sentem este mesmo amor e respeito, é muito provável que recorram a suas respostas e conselhos com muita frequência, colaborando de forma inequívoca, com a formação do caráter de seus filhos.

Todos os dias há situações que colaboram para ensinar os filhos sobre sexo e sexualidade. Algumas situações são comuns no dia a dia. A hora do banho mostra-se um momento importante para falar de partes do corpo e partes íntimas. Uma gravidez ou o nascimento de um bebê numa família é um bom momento para falar sobre concepção e sobre como ocorre o nascimento de uma criança. Ver televisão com os filhos também enseja oportunidades para conversar sobre situações que aparecem na tela da TV.

É importante que esta conversação seja guiada pelos filhos, de acordo com o interesse deles. Evitar ser prolixo e explicar de forma breve e objetiva, procurando saber o que eles já sabem a respeito de determinado tema em conversação. Nunca debochar ou rir de qualquer pergunta, mesmo que a pergunta seja cômica. Os pais devem deixar os filhos à vontade para qualquer tipo de pergunta e não devem se mostrar inflexíveis e ou mesmo tratar com extrema seriedade qualquer tema de ordem sexual. Evitar explicações muito detalhadas para crianças pequenas, falando sempre os nomes próprios de cada parte do corpo. Perguntar se estão esclarecidos.

Normalmente as crianças de dezoito meses a três anos de idade começam a se interessar por seu próprio corpo. Falar os nomes próprios de cada parte e ensinar sobre partes íntimas, as partes cobertas por um traje de banho.

Entre quatro e cinco anos de idade as crianças iniciam interesse pela sexualidade, tanto a sua como a do sexo oposto. Também é possível que toquem nos genitais, mostrando interesse pelos genitais de outras crianças. As crianças desta fase devem ser orientadas sobre a naturalidade do interesse, não devendo haver tal tipo de curiosidade de forma pública. Também, importante orientar que nenhuma outra pessoa, nem mesmo amigos próximos ou parentes, podem tocar suas partes íntimas. A exceção seria para os próprios pais como para médicos e enfermeiros durante exame físico ou higienização, com permissão de seus pais.

A partir de idade escolar, as crianças de cinco e sete anos de idade interessam-se pelas relações entre pessoas e pelo que ocorre sexualmente entre adultos. As perguntas tornam-se mais complexas à medida que se promove a conexão entre sexualidade e gestação de um bebê. Explicar de forma clara sobre noções de funcionamento de órgãos, citando como exemplo, o crescimento do bebê no útero materno em relação à informação anterior da barriga da mamãe. É importante que as crianças nesta idade aprendam a sexualidade de uma forma saudável, pois isso fomentará princípios significativos para quando sejam maiores.

Entre oito e nove anos de idade as crianças provavelmente não tenham a noção exata do que é correto e incorreto. São capazes de entender que o sexo ocorre entre duas pessoas que se amam. Surgem perguntas sobre romance, amor e casamento. Também surgem curiosidades a respeito de homossexualidade. Estas ocasiões são propícias para falar e conversar de forma aberta sobre ideias da família a respeito deste tema.

À medida que as crianças se aproximam da puberdade elas devem ser informadas e esclarecidas a respeito de partes do corpo relacionadas com o sexo e sua respectiva função, conversar sobre concepção, puberdade e mudanças físicas no corpo. Falar sobre menstruação também para meninos além das meninas, beneficiando a ambos sobre este conhecimento. Informações sobre o ato sexual em si e sobre opções que as pessoas fazem, e podem fazer sobre início da atividade sexual. Outros temas devem ser abordados, como controle de natalidade, infecções de transmissão sexual, masturbação, homossexualidade, sempre de forma natural e espontânea, recorrendo a um profissional médico pediatra, hebiatra ou mesmo ginecologista sempre que necessário.

Fonte : PATIENT EDUCATION FOR CHILDREN, TEENS AND PARENTS, 4th Edition – AAP – AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS

pediatraonline.com.br