À medida que viagens aéreas com crianças se tornaram mais populares, orientações quanto a precauções tem sido

solicitadas pelos pais com mais frequência. Recém-nascidos saudáveis podem viajar com segurança em avião com cabine pressurizada e, com algumas exceções, toleram bem a viagem aérea. Os pais devem aproveitar o direito a atendimento preferencial, por viajarem com criança com menos de 12 anos, embarcando e desembarcando antes dos demais passageiros.

O ideal é solicitar assentos na primeira fileira, reservados para passageiros especiais, como bebês. Recomenda-se que o recém-nascido ocupe um assento individual, o que implica na aquisição de bilhete exclusivo para a criança, em maior gasto, mas, em contrapartida, em maior segurança. A utilização de assentos desocupados requer contato prévio com a companhia aérea. O bebê deve ser acomodado em cadeira de transporte com certificado de qualidade, tipo bebê-conforto, afivelada ao cinto de segurança do avião e posicionada para trás, da mesma forma que no automóvel. Em geral, a companhia aérea não disponibiliza bebê-conforto, cabendo aos pais a responsabilidade de providenciá-lo. Algumas aeronaves possuem suporte de parede, localizado à frente da primeira fileira, diante da poltrona dos pais. Transportar o bebê no colo é contraindicado, mesmo durante a decolagem e o pouso, pois aumenta o risco de traumatismo e morte. A amamentação durante a viagem aérea é prática e segura. Se o recém-nascido utiliza fórmula láctea, precisa ser garantido suprimento de água limpa e higiene no momento do preparo. A frequência das mamadas deve seguir a rotina habitual. Em altitude de cruzeiro, pela baixa pressão atmosférica, o ar presente no estômago e no intestino aumenta cerca de 20%. Alimentar a criança com muita frequência pode aumentar ainda mais a quantidade de ar, causando desconforto e choro. No recém-nascido a trompa de Eustáquio (canal que comunica o ouvido médio à parte posterior da garganta) é menos calibrosa e suas paredes tendem a colapsar, principalmente durante a descida da aeronave. A deglutição provoca a abertura desse canal, permitindo que entre ar no ouvido médio e ocorra equilíbrio entre a pressão interna e externa. Para prevenir ou minimizar a ocorrência de desconforto ou dor recomenda-se oferecer o seio materno (ou mamadeira) durante a decolagem e a descida da aeronave, e quando a criança se torna inquieta ou chora. A literatura científica não indica a utilização de chupeta com essa finalidade, nem o uso preventivo de descongestionantes nasais. A bagagem de mão deve conter cobertor, para proteger a criança das baixas temperaturas decorrentes da exposição prolongada ao ar condicionado, fraldas, lenços umedecidos e muda de roupa completa, para o bebê e para a mãe. Antes de viajar, o ideal é consultar o pediatra para avaliação das condições de saúde da criança e recomendações específicas. Viagens aéreas não são seguras para recém-nascidos com anemia grave, doença cardíaca ou pulmonar, pois a menor quantidade de oxigênio no interior da aeronave leva à redução da oxigenação sanguínea, aumentando a necessidade de administração de oxigênio. Em geral, a qualidade do ar dentro da aeronave é melhor que a encontrada na maioria dos espaços fechados em terra firme. O sistema de ar condicionado e de ventilação é capaz de manter uma contagem baixa de bactérias e fungos dentro da cabine. Entretanto, a transmissão de doenças infecciosas pode ocorrer, principalmente pela proximidade dos passageiros. A utilização de sedativos, em vôos longos, é contraindicada. Qualquer medicação, somente deve ser utilizada sob prescrição médica.   Fonte: Departamento Científico de Neonatologia da SBP