Quando a criança atinge cerca de 2 anos de idade, a dieta é igual à da família. Todos os nutrientes conhecidos são supridos por uma dieta variada

, que deve incluir seleções de cada um dos grupos alimentares: cereais, frutas, vegetais, proteínas e laticínios. A partir desta idade a criança apresenta ritmo de crescimento regular e inferior ao do lactente. A velocidade de crescimento estatural e o ganho de peso são menores do que nos dois primeiros anos de vida, com conseqüente, decréscimo nas necessidades nutricionais e no apetite. Por desconhecimento os familiares atribuem este fato, a uma doença e não a um fator fisiológico,   a diminuição do apetite e a queixa de inapetência são  frequentes. Isto pode acarretar diagnósticos errôneos de anorexia e o uso inadequado de medicamentos estimulantes do apetite. Além disto, o comportamento alimentar da criança pré-escolar ( de 2 a 7 anos) caracteriza-se por ser imprevisível e variável: a quantidade ingerida de alimentos pode oscilar, sendo grande em alguns períodos e nula em outros; caprichos podem fazer com que o alimento favorito de hoje seja inaceitável amanhã; ou que um único alimento seja aceito por muitos dias seguidos. Se os pais não aceitarem este comportamento como transitório e reagirem com medidas coercitivas, este poderá se transformar em distúrbio alimentar real e perdurar em fases posteriores.         Por essa razão é necessário o conhecimento de alguns aspectos importantes da evolução do comportamento alimentar na infância:

Crianças em fase de formação do hábito alimentar, não aceitam novos alimentos prontamente. Essa relutância em consumi-los é conhecida como neofobia, isto é, a criança nega-se a experimentar qualquer tipo de alimento desconhecido e que não faça parte de suas preferências alimentares. Para que esse comportamento modifique-se, é necessário que a criança prove o novo alimento, em torno de 8 a 10 vezes, mesmo que seja em quantidade mínima. Somente dessa forma, a criança conhecerá o sabor do alimento e estabelecerá seu padrão de aceitação. O apetite é variável, momentâneo e depende de vários fatores, entre eles, idade, condição física e psíquica, atividade física, temperatura ambiente, ingestão na refeição anterior.

Criança cansada ou superestimulada com brincadeiras pode não aceitar a alimentação de imediato, assim como também, no verão, seu apetite pode ser menor do que no inverno. O apetite pode diminuir se, na refeição anterior, a ingestão calórica foi grande; é regulado pelos alimentos preferidos pela criança, sendo estimulado pela forma de apresentação da alimentação (cor, textura, cheiro).

Os alimentos preferidos pelas crianças são os de sabor doce e muito calóricos. Essa preferência ocorre porque o sabor doce é inato ao ser humano, não necessitando de aprendizagem como os demais sabores. É normal a criança querer comer apenas doces, cabe aos pais, portanto, colocar os limites quanto ao horário e quantidade. A criança tem direitos fundamentais na alimentação, tais como, à quantidade que lhe apeteça, às preferências e aversões e à escolha do modo (utensílios) como o alimento lhe é oferecido.

 A criança possui mecanismos internos de saciedade que determinam a quantidade de alimentos que ela necessita, por isso, deve ser permitido o seu controle de ingestão.  Quando a criança já for capaz de se servir à mesa e comer sozinha, essa conduta deverá ser permitida e estimulada.  Devem ser respeitadas as preferências alimentares individuais tanto quanto possível. Quando a criança recusa insistentemente um determinado alimento, o ideal é substituí-lo por outro que possua os mesmos nutrientes, ou variar o seu preparo, se ele for fundamental.

Os conflitos nas relações familiares e na relação mãe-filho são demonstrados com clareza na alimentação pela criança, na tentativa de chamar a atenção de que algo não está bem. Comportamentos como recompensas, chantagens, subornos, punições ou castigos para forçar a criança a comer, devem ser evitados, pois podem reforçar a recusa alimentar da criança. São necessárias orientações gerais para que a conduta alimentar da criança seja saudável e a formação do hábito adequada: As refeições e lanches devem ser servidos em horários fixos diariamente, com intervalos suficientes para que a criança sinta fome na próxima refeição. Um grande erro é oferecer ou deixar a criança alimentar-se sempre que deseja, pois assim não terá apetite no momento das refeições. O intervalo entre uma refeição e outra (principal ou lanchinho) deve ser de até  três horas.

Na fase pré-escolar, o esquema alimentar deve ser composto por cinco ou seis refeições diárias, com horários regulares: café da manhã – 6/7h; lanche matinal – 9/10h; almoço – 12h; lanche vespertino – 15h; jantar – 18/19h e algumas vezes lanche antes de dormir. É necessário que se estabeleça um tempo definido e suficiente para cada refeição. Se nesse período a criança não aceitar os alimentos, a refeição deverá ser encerrada e oferecido algum alimento apenas na próxima.

O tamanho das porções dos alimentos nos pratos deve estar de acordo com o grau de aceitação da criança. É muito freqüente a mãe, por preocupação, servir uma quantidade de alimento maior do que a criança consegue ingerir. O ideal é oferecer uma pequena quantidade de alimento e perguntar se a criança deseja mais.  Oferecer a sobremesa como mais uma preparação da refeição, evitando utiliza-la como recompensa ao consumo dos demais alimentos. A oferta de líquidos nos horários das refeições deve ser controlada porque o suco, a água e, principalmente, o refrigerante distendem o estômago, podendo dar o estímulo de saciedade precocemente. O ideal é oferece-los após a refeição, de preferência água ou sucos naturais. Os refrigerantes não precisam ser proibidos, mas devem ser ingeridos apenas em ocasiões especiais. Salgadinhos, balas e doces não devem ser proibidos, porque estimularão ainda mais o interesse da criança, mas podem ser consumidos em horários adequados e em pequenas quantidades, suficientes para não atrapalhar o apetite da próxima refeição. A criança deve ser confortavelmente acomodada à mesa com os outros membros da família.

A aceitação dos alimentos se dá não só pela repetição à exposição, mas também, pelo condicionamento social e a família é o modelo para o desenvolvimento para preferências e hábitos alimentares. Portanto, é importante que desde o primeiro ano de vida, na introdução dos alimentos complementares, a criança observe outras pessoas se alimentando. O ambiente na hora da refeição deve ser calmo e tranqüilo, sem a televisão ligada ou quaisquer outras distrações como brincadeiras e jogos. É importante que a atenção esteja centrada no ato de se alimentar para que o organismo possa desencadear seus mecanismos de saciedade. O ambiente tranqüilo facilitará a confiança e o prazer da criança em se alimentar. Envolver a criança nas tarefas de realização da alimentação como participar da escolha do alimento, da sua compra no mercado ou feira e da preparação dos alimentos.A monotonia alimentar, sem variações do tipo de alimento e de preparações é um fator que pode tirar o interesse e o apetite da criança pelo alimento. Assim, uma alimentação equilibrada deve ser representada por uma refeição com grande variedade de cores, texturas, formas interessantes e coloração no prato de forma atrativa, embora, seja desaconselhável fazer com que a criança aceite os alimentos somente se estiverem enfeitados. Limitar a ingestão de alimentos com excesso de gordura, sal e açúcar, pois são comprovadamente fatores de risco para as doenças crônicas no adulto.

 

Falta de apetite

       Crianças que não aceitam a alimentação com facilidade exigem certos cuidados para comer melhor nas refeições.

  • Tire a mamadeira aos 24 meses para estimular o apetite.

 

  • Dê os líquidos uma hora antes da refeição.

 

  • Programe as três refeições para obedecer aos mesmos horários todos os dias.

 

  • Evite os petiscos.

 

  • Limite os doces, pois diminuem o apetite da criança.

 

  • Ofereça porções menores e mais fáceis de ingerir.

 

  • Sirva boa variedade de alimentos, para despertar o interesse.

 

  • Enfeite os pratos.

 

  • Não deixe que o tempo da refeição se prolongue por mais de 20 a 30 minutos.

 

  • Encerre a refeição se a criança fizer manha ou se recusar a comer.

 

  • Regularize os horários de dormir e de acordar.

 

 

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